sexta-feira, 14 de agosto de 2009

CONTINUAÇÃO DA POSTAGEM ANTERIOR - Tragédia Particular

Falou que estava morando só. Havia se separado do marido japonês, e que não tiveram filhos; trabalhava há 12 anos naquela empresa, a H. Stern, e no final da conversação pediu o número do meu telefone assegurando que me visitaria brevemente, durante o recesso de final de ano quando estaria viajando para Fortaleza em visita aos familiares,como fazia sempre nessa época do ano.
Meu coração explodia de alegria e felicidade, e fiquei deveras ansioso pela chegada desse reveillion que eu acreditava nudaria minha vida. Mas o destino ia me pregar uma peça terrível, como poderão ver.
Quando ele chegou, aquele reveillion tão esperado, radiante, surpreso como sempre, eu estava na casa dos Assunção com minha mãe.Estava sozinho portanto, como é costume em muitos reveilions anteriores.
E nada de Patricia me ligar.
E nada acontecia!
O destino continuava sem operar nenhum milagre, e eu concluí que nossos passos não estavam escritos nas estrelas coisíssima nenhuma, a situação sempre esteve mais para asteróide em rota de colisão. E assim atestam os desdobramentos que se seguirão, como lhes vou mostrar.
Desde a noite daquele revellion Patrícia se encontrava em Fortaleza, conforme me revelou seu padrasto Napoleão. Dia 12, uma quinta-feira, fui visitar a lanchonete dele que ficava a poucos passos da minha residência, e ele foi enfático:
- Sim, ela está em Fortaleza! Passou os primeiros momentos com turistas na Beira-Mar. Almoçou conosco hoje, e agora encontra-se no apartamento do Marcelo!
Marcelo é seu irmão mais novo.
Achei aquilo tudo tão estranho, enigmático. Passei a refletir mas a cada pergunta mil dúvidas apareciam, mas só tinha uma explicação lógica: ela não quer nada comigo, como no passado; não foi, e nunca será a minha " Sarah Thomas ". Eu não queria aceitar isso e, decepcionado, vacilei feio. No sábado, dia 14, voltei à lanchonete dos Fonteles, e desta vez completamente alcoolizado, trajado de roqueiro, o coração aos prantos. Pela manhã tinha pulado feito doido ao som do Ultraje A Rigor, numa baiúca local, e das coisas que fiz ou disse na lanchonete de nada me recordo, e levei sorte em ter de lá voltado ileso.E se ela estivesse presente no local?
Dia 16, segunda-feira, liguei para São Paulo e ela atendeu.Nada me importava, eu só queria ouvir aqula vozinha meiga com sotaque paulista ecoando no meu ouvido a quase 4.000 quilômetros de distância. E eu ali, todo sem jeito, tentando escolher as palavras para não revelar meu sentimento de decepção, de frustração.
- Perdi o número do seu telefone! - disse ela. Desculpa fajuta que eu já sabia que ia dar.
Do mesmo modo como ocorreu no passado, hoje ela não se interessa por mim, e mesmo que uma amizade fosse razão de um bom relacionamento entre nós, nunca me satisfaria. Talvez velhas mágoas do passado vieram à tona, sim, porque elas existiram, envolvendo sua mãe e eu.Velhas rusgas que culminaram no meu afastamento dela, a quem eu visitava constantemente mesmo depois que sua filha ganhou o mundo.Fui um tanto quanto animalesco para com ela, e certamente Patrícia soube dos pormenores da questão, e jamais me perdoara - não seria agora que o faria!
E eu, pobre apaixonado, no meu delírio prometi visitá-la durante minhas férias de abril, e enfrentar uma coisa que jamais fizera: viajar de avião! Logo eu, que nunca tirei os pés do meu torrão natal!
A sua frieza era notória, eu o sentia em cada palavra, mas nos dias que se seguiram a este último contato outro tema não passava perla minha cabeça senão a possibilidade de revê-la. Mas tudo se processando como uma agonia entorpecente, mesclando a realidade com assosciações bizarras do delírio inocente. Um exemplo foi quando eu lia um livro de Antropologia e me deparei com um quadro pintado por um certo Gustav Klint, pintor austríaco. No quadro estava uma moça bem magra, de olhos fechados, cabelos pretos curtos deitada numa espécie de caixão mortuário. Era ela que eu estava vendo, ali, e bem acima da página escrevi um verso decassílabo que eu espero jamais ela venha a ler:
PATRICIA MORTA NUM ESQUIFE SUJO
Ainda mais bizarro e medonho foi o pensamento contínuo que remoí no interior de um coletivo, quando vinha para casa depois de mais um dia de trabalho." Será que o espírito que outrora perturbava tanto minha namorada ( cujo nome também era Patrícia ) não era o de Cláudia, mãe da Branca de Neve? "
A vida é mesmo uma constante infinita de dúvidas e questionamentos.

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